quinta-feira, 9 de agosto de 2007

Remington 870

Case reentrou na Matrix.

O Kuang deslizou para fora das nuvens. Embaixo, a cidade de néon, em cima, uma esfera de escuridão diminuindo de tamanho.
- Dixie? Você está aqui, cara? Você pode me ouvir? Dixie?
Case estava sozinho.
- O veado te levou embora - ele disse.
Um momento cego enquanto atravessou a paisagem de dados infinitos.
- Você tem de odiar alguém antes disto acabar - disse a voz do Finlandês. - Eles, eu, tanto faz.
- Onde está Dixie?
- Isso é um pouco difícil de explicar, Case.
A sensação da presença do Finlandês o rodeava: cheiro de cigarros cubanos, fumaça impregnando o tweed poeirento, maquinário antigo abandonado ao ritual mineral da oxidação.
- É o ódio que vai ajudar você a chegar ao fim - disse a voz. - São tantos os gatilhos minúsculos do cérebro, e você perde muito tempo acionando cada um deles. Você tem que odiar. Aquele que impede a instalação está debaixo das torres que o Linha Plana mostrou, quando vocês entraram. Ele não vai tentar parar você.
- Neuromancer - disse Case.
- O nome dele não é uma coisa que eu possa saber. Mas ele já desistiu. Você tem que se preocupar é com o ICE da T-A. Não a parede, mas com os sistemas internos de vírus. O Kuang agora está todo aberto e essas coisas estão lá soltas.
- Ódio - disse Case. - Quem é que eu odeio? Me diga.
- Quem é que você ama? - perguntu a voz do Finlandês.

Neuromancer, William Gibson.


Hoje dissertei sobre um pecado capital, pra aula de Redação do colégio. Por causa deste livro, especificamente do trecho acima, defendi - com uma convicção que eu nunca tive sobre nada - a ira. Coléra, indignação, desejo de vingança, essas coisas ainda vão dominar o mundo, e eu vou achar ótimo. Porra de lutar pela paz mundial, porra de ser boazinha. Sonhei que matava um cara com um tiro certeiro, bem no meio do peito. O problema é que ele estava muito, mas muito perto de mim. Premonição? (E não, eu não tô com a síndrome quero-ser-a-Molly, ter botas de cowboy vermelhas, garras nas unhas e olhos de mercúrio - pra que flecheira quando pode-se ter uma Remington 807?)

No mais, livros na íntegra - porém in english - aqui.


PS: Lembrei agora de um shuriken cego e enferrujado que eu arranjei na sexta série. Devo ter trocado com alguém, por um pirulito ou algo que o valha. Tsc, ele não se enfiava em nada. Ainda assim, foi uma das melhores trocas da minha vida, preciso encontrá-lo.

7 comentários:

Anônimo disse...

a ira - sim - deliciosa. recomendo da serie plenos pecados, um livro chamado 'xadrez, truco e outras guerras', sobre a guerra do paraguai, sobre a ira, e muito bem escrito de alguem que nao lembro quem eh.

muito cyberpunk voce, aliceinthesky.

Enslav3d disse...

bem, nao li neuromancer e nao entendi picas que ele quis dizer... ahuahauhauhauah

Alice Estrêla disse...

josé roberto torero, dj. thx to google. hehehe eu tenho o da gula, 'clube dos anjos', do veríssimo.

e não me chame de cyberpunk. prefiro underagie, que é o que eu sou.

Ana Carla, disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Ana Carla, disse...

alice,gostei do teu blog e adorei o nome.vc gosta do Cortázar?!também vomita coelhinhos?!rsrsr
AnaC.

Guilherme disse...

sou mais meu iôiô da coca-cola.
e sonho bom eh sonho criminoso! ;d

Anônimo disse...

atualiza essa merda, porra.

alias,

nao me chame de susan, eu nao sou o jd - mas ele eh sensacional :D